TEATRO-Do Amor, peça de Phillipe Minyana, tem única apresentação em Mogi das Cruzes.''

11/11/2015 13:23

Do Amor, peça de Phillipe Minyana, tem

única apresentação em Mogi das Cruzes

 

DO AMOR -LaisMarque e AmandaBanffy -foto de Flavio Barollo -b

Após temporada de sucesso na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, o espetáculo ​Do Amor​ ­ do francês Philippe Minyana ­ tem única apresentação em Mogi das Cruzes, no dia 26 de novembro​, quinta-feira, no Theatro Vasques, às 20 horas.

 

Francisco Medeiros​ assina a direção desse texto contemporâneo e, até então, inédito no Brasil, que teve tradução da atriz Amanda Banffy​.

 

Com extrema sensibilidade, o autor mostra a passagem do tempo na vida de dois casais, desde a juventude até o fim da vida, destilando nas entrelinhas uma ironia ferina, temperando tudo com um humor mordaz e impiedoso. Os acontecimentos ordinários da vida, como amor, envelhecimento e morte, são questões fundamentais à obra. Os personagens Christina, Bob, Ted e Mylène são figuras mutantes, múltiplas, contraditórias. Não há caracterizações físicas e a interpretação é revezada pelos casais de atores ​Amanda Banffy ​e ​Carlos Baldim​, Leonardo Antunes ​e​ Laís Marques​.

 

Do Amor conduz o espectador pela vida dos dois casais: em sua sala, nas montanhas, no verão, com os amigos, nas adversidades, aos 30 ou 70 anos. Ora eles têm um ar sério e empolado como pessoas em luto, ora são adoráveis velhinhos. É possível observar suas vidas sem glórias pelos ritos inevitáveis como ​funerais, reuniões, aniversários. Suas vidas comuns se tornam uma espécie de epopeia, mistério secular, onde o amor é consolo ou derrota ou mesmo uma idéia que os assombra. A memória funciona como intuição de futuro, leitura presente e registro passado. A arquitetura do texto aponta também para uma memória que pode ser construída de imaginação, sob o ponto de vista alegórico que emerge da experiência de estar vivo. As cenas enigmáticas podem ser fragmentos de sonho, delírio, pesadelo ou divagação.

 

A linguagem dramatúrgica de Philippe Minyana em Do Amor explora a palavra cotidiana e a transforma em teatro épico. A banalidade da ficção e do discurso é reforçada por um dispositivo textual original. Além do texto dos atores, as rubricas descritivas e poéticas (sobre tempo, silêncio, pássaros) são ditas por um comentarista, chamado Voz Off, e as rubricas narrativas por outro, denominado Texto. Faladas por todos os atores, em revezamento, essa rubricas divagam sobre a atitude dos personagens contradizendo-os ou se reportando ao interlocutor. Esses diálogos polifônicos criam discrepâncias, oposições e rupturas particularmente ricas e fantasiosas.

 

Segundo Francisco Medeiros, Minyana é um experimentador. “​Do Amor Foi escrito sem pontuação para que os atores possam também experimentar a pontuação, a pulsação do texto, e descobrir sua musicalidade, seu ritmo”. Ele ainda explica que o processo de montagem é pleno desafio na busca por uma linguagem cênica nova e autêntica para esta obra.

 

A cenografia (​Heron Medeiros​), a iluminação (​Igor Sane​), o figurino (​Marichilene Artisevskis​) e a trilha sonora (​Dr. Morris​) têm papel fundamental na encenação de Francisco Medeiros, sendo agentes de configuração que, magicamente, expõem as diversas dimensões e profundidades que a peça aborda. O diretor acata o desafio da obra de Minyana que propõe uma estética enigmática, uma plasticidade que explora o espaço e flerta com as artes visuais. O cenário é calcado em uma caixa retangular, com uma espécie de ciclorama ao fundo e espelhamentos na frente e nas laterais. A cenografia se presta às imagens sugeridas pelo texto que passam por texturas turvas ou cristalinas, transparências ou reflexos, duplicações e nebulosidades.

 

Para o diretor, ​Do Amor não é uma peça para, necessariamente, ser compreendida ­ com começo, meio e fim. “Os estilos épico, dramático e lírico são combinados de forma anárquica tanto nos fatos quanto na estrutura. A encenação, portanto, precisa fazer com que esta anarquia esteja presente com todo o seu rigor”. Convidado pela atriz e produtora Amanda Banffy para dirigir o espetáculo, Francisco Medeiros confessa que foi movido pelo desafio. Após ler o texto declarou: “Não sei o que isto significa. Não entendo, por isso quero fazer”.

 

Ficha técnica

 

Espetáculo: ​Do Amor

Texto: Philippe Minyana

Tradução: Amanda Banffy

Direção: Francisco Medeiros

Elenco: Amanda Ban​ffy, Carlos Baldi​m​, Leonardo Antunes e Laís Marques

Assistente de direção e preparação corporal: Fabricio Licursi

Cenografia e adereços: Heron Medeiros

Trilha sonora: Dr Morris

Figurino: Marichilene Artisevskis

Iluminação: Igor Sane

Direção de produção e administração: Maurício Inafre

Assistência de produção: Mya Morales

Fotos: Flavio Barollo
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação

Realização: Cacildinha Produções

Co-realização: Banffy Produções Artísticas

 

Serviço

 

Dia 26 de novembro. Quinta­feira, às 20 horas

Theatro Vasques

Rua Dr. Corrêa, 515 ­ Centro. Mogi das Cruzes/SP. Tel: (11) 4798-1747

Ingressos: Grátis - Os ingressos devem ser retirados 1h antes das sessões.

Duração: 80 min. Gênero: Comédia dramática anárquica. Classificação: 16 anos

Capacidade: 300 lugares. Ar Condicionado. Possui acessibilidade.

 

 

Philippe Minyana​ ­ autor

 

Nascido em 1946, em Besançon, o francês Philippe Minyana (Philippe Miñana) escreveu cerca de 40 peças de teatro, publicadas pela Éditions Théâtrales e L’Arche Éditeur e montadas na França, Alemanha, Inglaterra, India, Argentina, Brasil e Quebec. Alguns textos foram lidos numa rádio francesa nos programas Nouveau Répertoire Dramatique e Radios Drames. E alguns ganharam versões para a televisão, como​Chambres, dirigido por Bernard Sobel (1986), e ​Anne­Marie por Jérôme Descamps (2001), entre outros. Escreveu o roteiro do telefilme ​Papa Est Monté au Ciel, dirigido por Jacques Renard. E em 2008, junto a Comédie Française, criou a peça ​La Petite Dans la Forêt Profonde.

 

Após ganhar o Grande Prêmio de Teatro (2010) ​da ​Académie Française pelo conjunto da obra, Minyana foi convidado a apresentar seus cinco textos mais recentes, agrupados sob o título ​Les epopées de l’intime, no Théâtre des Abbesses e no Théâtre Ouvert, em Paris. Dentre as cinco peças estava ​Do Amor, que teve sua estreia em março de 2011. Além de ser um autor premiado, dois textos seus ­ ​Chambres e​Inventaires ­ são leituras obrigatórias no Bacharelado em Artes Cênicas na França. Entretanto, poucos textos seus foram encenados aqui no Brasil, onde o autor ainda permanece pouco conhecido, não havendo nem mesmo tradução para o português da maior parte de sua obra.

 

Além do Grande Prêmio de Teatro, recebeu o Prêmio SACD para ​Inventaires, Prêmio Molière de Melhor Autor (1988 e 2006) e Prêmio da Crítica Musical e Molière (1991) de Melhor Espetáculo Musical para ​Jojo. Para muitos, sua obra sofre certa influencia do dramaturgo e encenador Michel Vinaver, com quem trabalhou como ator. O dramaturgo – que não esconde a sua fascinação pelas artes visuais (cinema, artes plásticas, fotografia) – também assume que a sua escritura teatral será sempre um laboratório. Fatos cotidianos contidos em recortes de jornais ou depoimentos de pessoas são matérias­primas para seu trabalho. No Brasil, poucos textos seus foram encenados, a exemplo de André (direção de Christiane Jatahy), ​Inventários – O Que Eu Guardei Pra Você ​(Grupo Cena, direção de Guilherme Reis), ​Suíte 1 (Cia. Brasileira de Teatro, direção de Marcio Abreu).

 

Francisco Medeiros ​­ diretor

 

Francisco Medeiros nasceu em São Paulo, 1948. Formado em Direção Teatral, Crítica e Dramaturgia pela ECA­USP, é diretor de espetáculos de teatro, dança e ópera. Iniciou a carreira em 1973 e dirigiu mais de 100 espetáculos, entre eles: ​Fando e Lis, de Fernando Arrabal, ​Artaud, O Espírito do Teatro, de José Rubens Siqueira, ​Réquiem, de Hanoch Levin e ​Facas nas Galinhasde David Harrower.

 

Desde 1999, é diretor artístico do Núcleo Argonautas de Teatro, que já desenvolveu dois projetos selecionados pela Lei de Fomento ao Teatro:​O Que Morreu, Mas Não Deitou e

Terra Sem Lei.

 

Além de teatro, sua atuação na área da dança como diretor inclui trabalhos com o Grupo Cisne Negro (​Iribiri), com Antonio Nóbrega (​O Reino do Meio­Dia), entre outros. Em ópera, no Teatro Municipal de São Paulo, dirigiu ​Eugène Oneguin,de Tchaikowski, com regência do maestro Isaac Karabtchevsky.

 

Recebeu 40 prêmios, como Molière, Mambembe, Inacen, APCA, Apetesp, Governador do Estado, Coca­Cola Femsa, Panamco, além de 12 indicações para o Prêmio Shell de Teatro como Melhor Diretor ou na Categoria Especial. Destaque para o prêmio Internacional Angel Award, pelo espetáculo ​Flor de Obsessão,do Grupo Pia Fraus, considerado o melhor espetáculo de teatro físico do Festival Internacional de Edimburgo, em 1999.