''Estreia a comédia Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube no teatro Mube Nova Cultural.''

04/05/2016 01:29

Ednaldo Freire dirige espetáculo de Soffredini no MuBE Nova Cultural

 

Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube ganha montagem do ‘Quintal do Aventino coletivo de teatro’. Obra retrata os vícios e costumes da sociedade patriarcal brasileira e sua consequente opressão ao gênero feminino. Na comédia, Soffredini atualiza, critica e satiriza a condição de opressão sobre a mulher

 

Fotos de Leekyung Kim

 

Obra de Carlos Alberto Soffredini estreia dia 7 de maio no MuBE Nova Cultural. A montagem é do Quintal do Aventino coletivo de teatro e tem direção de Ednaldo Freire. No elenco estão os atores Martha Almeida, Ana Carolina Capozzi, Ana Sampaio, Felipe Fonseca, Flora Rossi, Giovana Arruda, Hildit Nitsche, Ian Noppeney e Juliana Leite.

 

Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube conta a história de Inês, uma adolescente que vive com sua mãe para os afazeres domésticos. Sua única diversão é assistir ao seu ídolo, o cantor Jonh Braz, na TV. Pressionada pelas vizinhas, mãe e madrinha para que se case, é inscrita em um programa de TV que agencia casamentos. Casada, não se conforma com a dura rotina e decide libertar-se de maneira inusitada. A comédia de Carlos Alberto Soffredini se passa na década de 60 e discute de forma divertida as relações familiares, os costumes e a pressão social pela qual as mulheres eram e ainda são submetidas.

 

A peça é baseada na Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Soffredini buscou por um teatro nacional não só do ponto de vista da temática como das formas de interpretação brasileira, pesquisadas nos remanescentes circos teatros. Ao manter contato com o ator popular brasileiro, Soffredini pôde também observar uma maneira pré-Stanislaviskiana de interpretar, tão eloquente quanto aquelas apontadas por Brecht.

 

Todas as observações foram deixadas por ele antes de morrer precocemente, numa curta dissertação nada acadêmica (não publicada) intitulada: De um trabalhador sobre o seu trabalho. Ali estão detalhados conceitos e técnicas, quase uma poética popular sobre a interpretação cômica que o diretor Ednaldo Freire, convidado para essa montagem quando integrou o Grupo Mambembe (dirigido por Soffredini), também pôde vivenciar.

 

A encenação

A ambientação proposta, embora farsesca, remete à estética de uma casa brasileira. A interpretação e caracterização dos tipos são trabalhados segundos os princípios que nortearam aquela investigação que remonta a um modo pré-Stanislaviskiano, observados no teatro de revista e circos teatros, tradição dos saltimbancos e comédia italiana, aclimatado pelos cômicos brasileiros do circo teatro e da chanchada nacional.

 

Por Ednaldo Freire 

“1975, parece que foi ontem que um grupo de jovens atores liderados pelo dramaturgo Carlos Alberto Soffredini iniciava o Projeto Mambembe com a audaciosa montagem de As Aventuras do cavaleiro D. Quixote e seu criado Sancho Pança. Eu era um daqueles jovens quixotescos, muito interessado em toda aquela pesquisa sobre as formas de interpretação. O encontro com Soffredini só fez fortalecer minhas convicções sobre uma visão de teatro de caráter eminentemente popular. Visão essa que continua sendo aprimorada e revisada com os mais variados parceiros que durante esses anos dividi trabalhos. Hoje posso afirmar que o Grupo Mambembe e sua estética foi referência determinante para a estética de vários coletivos atuais como: Os Fofos encenam, Grupo Grafiti, Parlapatões, assim como para vários diretores como Gabriel Villela, Fernando Neves e claro, responsável pela minha carreira como diretor teatral, perpetuando-se na Fraternal Companhia de Artes e Malas Artes o qual sou fundador. Agora o destino me oferece mais uma oportunidade de compartilhar essa experiência com uma nova geração de atores e atrizes agrupados com a denominação QUINTAL DO AVENTINO COLETIVO DE TEATRO. Assim, a concepção de encenação segue os conceitos do conhecimento acumulado por todos esses anos de investigação da cultura popular brasileira e suas formas de expressão populares”.

 

 

Ficha Técnica – Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube

 

Autor: Carlos Alberto Soffredini. Diretor: Ednaldo Freire. Diretor Musical: Fábio Freire. Produtora: Martha Almeida. Elenco:QUINTAL DO AVENTINO coletivo de teatro – Martha Almeida, Ana Carolina Capozzi, Ana Sampaio, Felipe Fonseca, Flora Rossi, Giovana Arruda, Hildit Nitsche, Ian Noppeney e Juliana Leite. Cenógrafo e Figurinista Luiz Augusto dos Santos. Assistentes de ProduçãoLuan de Andrade

e Ana Carolina Capozzi. FotografiaLeekyung Kim

 

Serviço – Mais quero asno que me carregue, que cavalo que me derrube

 

Estreia: 7 de maio. Duração: 80 minutos. Censura: 12 anos. Onde: Teatro MuBe Nova Cultural  - Rua Alemanha, 221- Jardim Europa. Capacidade: 192 lugares. Temporada:  Sábados às 18hs e domingos às 20h30 Ingressos: R$ 40,00 / R$ 20,00 - www.ingressorapido.com.br (11) 4003-1212. Bilheteria: Quarta e Quinta das 14h às 18h(ou até o horário da atração). Sexta das 14h às 21h30 (ou até o horário da atração). Sábado das 14h às 21h30 (ou até o horário da atração). Domingo das 10h às 18h (ou até o horário da atração). Telefone: (11) 4301-7521. Pagamento com dinheiro e cartões de débito e crédito (Visa e Master Card). Até dia 29 de maio.